Retomamos nosso site com o analiblog dedicado a arquitetura, urbanismo e paisagismo sem esquecer, é óbvio, as delícias da decoração e da arte de bem viver. Um mosaico de tudo o construído por nós ou pelo Supremo Arquiteto do Universo.

Dizem que de médico e de louco todo mundo tem um pouco, eu diria que de arquiteto também! Afinal quem nunca construiu uma casa, um barraco, um barco? Ou o quartinho do primeiro filho, uma mesa de jantar, um cantinho?
Desde que o homem se abrigou pela primeira vez nas cavernas que fazemos e vivemos arquitetura seja para morar, trabalhar, passear, estudar, namorar… ou simplesmente nos divertir.
Por isso criamos este espaço dedicado especialmente a jogar luz nessa ciência misto de tecnologia e arte fazendo de você mais um adepto da consciência do habitar.

E como não poderia deixar de ser iniciaremos falando de ARACAJU a nossa grande casa que em dezessete de março deste ano completará 168 anos.
Nascida sob o símbolo da modernização do Estado nossa capital é, de fato, produto do processo de planejamento das cidades instituído no Brasil em meados do século XIX disputando com Teresina o título de primeira cidade planejada do país.

Com tal histórico curricular surpreende-nos o fato da população Aracajuana passar ao largo da eterna discussão sobre o Plano Diretor da Cidade, apesar do título de cidade planejada seja um dos motivos de orgulho de todos por aqui.

Nos fóruns especializados depois de muita comissão, reunião e discussão nos sentimos constantemente na estaca zero. O caso é tão grave que mesmo entre os arquitetos, principais atingidos profissionalmente com o impasse na aprovação de projetos, a discussão não emplaca e tudo acontece sem a nossa participação direta.
E eu, aqui com os meus botões, fico a pensar o porquê de tamanho desinteresse enquanto “autoridades” fazem dele um “bicho de sete cabeças”.

A exigência de Plano Diretor para cidades com mais de duzentos mil habitantes foi estabelecida pela Constituição de 1988 considerada a mais progressista no tocante as conquistas democráticas e assim o fazia, tentando através da obrigatoriedade, introduzir o planejamento urbano no cotidiano das grandes cidades como forma de atenuar o problema do crescimento desregrado das metrópoles do país.

Quantas cumpriram a exigência não sei dizer, mas sabemos que cidades que fizeram do planejamento ferramenta do seu desenvolvimento urbano são hoje referência, como é o caso de Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e alçaram os seus mandatários, homens públicos notáveis, ao cenário nacional e até internacional.

Mas voltemos a Aracaju. O que dizer de uma exigência constitucional de 1988, regulamentado pelo Estatuto das Cidades, em 2001 e que elaborado em 2000 ainda hoje não teve sua atualização aprovada pela Câmara dos vereadores?

O que dizer de inúmeras leis que existem como a Lei do Silêncio, exemplo gritante, que ninguém respeita?

Recebemos em 2001 com imensa euforia o Estatuto da Cidade que amplia a exigência de Plano Diretor para cidades com mais de vinte mil habitantes e introduz conceitos inovadores. Será que adianta tanto entusiasmo num país onde existem leis que pegam e outras não?

Bom de qualquer forma Lei é Lei e talvez esteja aí a grande oportunidade de sairmos da inércia cívica e passarmos a exigir uma situação de direito e não de fatos.